quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

OS SEXALESCENTES

60 anos no século XXI - OS SEXALESCENTES
De Tita Teixeira
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Se estivermos atentos, podemos notar que surgiu uma nova franja social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade, os sexalescentes.

É a geração que rejeita a palavra “sexagenário”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde colocar-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho.
Que procuraram e encontraram há muito fazer a atividade de que mais gostavam e com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, experiencias com falhas e sucessos, sabem bem olhar para o céu para o mar sem pensar em mais nada, ou simplesmente seguir o vôo de um pássaro da janela de um 9.º andar...

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um papel destacado.
Tem décadas de experiências de fazer suas vontades, quando ainda as suas mães só podiam obedecer e na sociedade tinham um papel secundário, hoje ocupam lugares de destaque na sociedade... lugares que suas mães nem sonhavam ocupar.

Esta mulher sexalescente sobreviveu ao "porre" de poder que lhe deu o feminismo nos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou , refletiu e decidiu sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente dos homens, umas escolheram ter filhos, outras não, ambas foram jornalistas, atletas,advogadas, juízas, médicas, diplomatas...
Mas, cada uma fez o que quis. Reconheçamos que não foi fácil, e no entanto ainda continuam a fazê-lo todos os dias.

Algumas coisas podem dar-se por adquiridas. Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos “sessenta”, homens e mulheres, lida com o computador e novos gadgets como se o tivessem feito toda a vida.
Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contatar os amigos – mandam e-mails, usam o MSN, Skype, trocam informações ,notícias,piadas, ideias e vivências...

De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais ou em crises existenciais.
Diferente dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas refletem, tomam nota, e partem para outra...Sabem que a vida continua e são avidos por vive-la plenamente.

Ao contrario da maioria que partilha a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza,competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo... Os homens admiram mas não se empolgam com a aparência ficticia das jovens estrelas do momento, ou dos que ostentam uma elegância artificial vestindo um Armani, tão pouco as mulheres sonham em ter as formas, cirurgicas ou siliconadas, perfeitas de uma top model da estação .
Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, reconhecem e curtem a verve em uma frase inteligente ou um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na geração dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo de suas vidas, estão curtindo uma idade que não tem nome. Antes seriam 'velhos' e agora já não o são. Hoje estão com boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias medíocres, até porque essa geração juventude atualmente está cheia de nostalgias, depressão, complexos e de problemas.

Ao contrario...os sexalescentes celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios... Talvez por alguma secreta... razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60 no século XXI.

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